Cotidiano Humor

A consulta

Written by Zeneide

 

Acompanhei minha irmã Zenildes a uma consulta no Hospital do Servidor. Chegamos cedo e a Nenê, como a chamamos, começou a fazer seu crochê, provocando a admiração de algumas mulheres que queriam ver de perto seu trabalho. Uma delas até mostrou, pelo celular, as fotos do seu próprios trabalhos e só parou de falar quando a Nenê contou que havia feito de crochê o vestido de noiva da filha.

Eu, como não levei meu tricô, fiquei só na observação. Foi hilário quando a enfermeira chamou uma tal Leila de Fátima e um senhor, meio sonolento respondeu: “Leila ? Não, não sou eu!” Ri bastante e precisei contar o caso pra Nenê que, concentrada nas trancinhas, não tinha ouvido….

Havia um casal de meia-idade à nossa frente: ela, toda maquiada, numa cadeira de rodas e ele, solícito, ajudando-a a separar os exames. Implicavam a toda hora um com o outro, mas logo ficavam “de boa”. Aí reparei que a mulher, simpática até, de vez em quando fazia uma cara de nojo. Da primeira vez, pensei que era para mim. Mas não podia ser: eu havia cedido gentilmente meu lugar ao marido para que pudesse ficar perto dela! Vi depois que ela fez a mesma careta para a pessoa do outro lado. Será que estava sentindo mau cheiro? Demorei a perceber que aquilo era um tique nervoso… O marido devia estar acostumado, claro!

Fui pegar água e, no corredor, vinha uma mulher grandona com um guarda-chuva idem, toda atrapalhada com sacolas e envelopes. Não é que ela bateu com a ponta do guarda-chuva no meu braço (aquele que dói!). Pediu desculpas e fiquei parada, ainda em choque. E não é que ela virou o guarda-chuva de ponta-cabeça e ele foi parar no meio das pernas da moça alta que vinha atrás? Sorte que ela foi ágil e deu um um pulo, evitando um tombo feio. Ficamos, as duas atingidas, olhando a senhora ir embora, ainda brigando com aquilo. E o pior: o dia estava ensolarado, sem nenhuma previsão de chuva.

Quando foi chamada, minha irmã cochichou que precisava ir ao banheiro. O médico, com o celular na mão  pediu para esperar um pouco, pois tinha de sair pra resolver um caso urgente. A Nenê deu graças a Deus e procurou o banheiro do corredor ; conseguiu voltar antes do médico! Ele viu os exames e disse que não precisaria marcar nova consulta, mas a encaminharia ao Fisiatra. E ela logo perguntou: “Pediatra”?  Não aguentei: Claro! Você não é nenê? 

Foi então que ela quis saber sobre o retorno e eu, de novo: “Não precisa! Vamos marcar com o otorrino pra pedir uma audiometria!”

Deixamos o médico rindo também.

Demorou, mas foi divertido. O melhor de tudo foi ela não precisar de cirurgia, graças a Deus!

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.

2 Comments

  • Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk ri alto! Precisão de detalhes impressionante… me senti na cena, como outra paciente aguardando o chamado do médico, observando as Zs aprontando por aí… Tia, vc é sensacional! 😍