“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu”
(Chico Buarque, em Roda Viva)
Num dia como esses, tudo parece pesar, calcar sobre nossos ombros uma tonelada de incertezas, preocupações e maus pressentimentos…E a saudade, então, aumentada pelos sonhos da noite difícil?
Como suavizar essa sensação incômoda? Ou, melhor ainda, como eliminá-la? Talvez o jeito seja mudar algumas atitudes, deixar de levar tão a sério as coisas não essenciais, tentar simplificar a vida de alguma forma.
É preciso analisar sentimentos, avaliar emoções e reciclar prioridades, para que esse peso inoportuno ceda lugar à leveza de alma, amiga inseparável da paz de espírito. Para mim, nesses casos, o que funciona é seguir a recomendação do profeta “Quero trazer à memória o que me dá esperança.”
E, pensando no que pode me dar esperança, atualmente, só posso me lembrar das carinhas lindas e sorridentes dos meus netos queridos: o charme gracioso da Bel e da Helena, o jeito moleque do Samuel, tão parecido com o pai nas travessuras, os olhos meigos e também brincalhões do Joãozinho e do abraço sapeca do Levi me chamando de vovó doidinha… Sinto-me privilegiada por esses presentes que Deus nos deu, como forma de mostrar que nos ama e dizer que ainda temos um propósito em nossa vida.
Enquanto pudermos identificar esse amor divino no fundo dos olhos de uma criança, poderemos sossegar o coração, acalmar a mente conturbada e descansar nas promessas do Senhor.
Assim, lentamente, a tristeza irá se afastar e, com a alma mais leve, conseguiremos retomar o prumo, nos reorganizar e nos conscientizar de que existe muita gente desnorteada, enferma, sofredora, que também precisa encontrar alento e esperança.
E sabemos muito bem que, à medida em que nos interessamos e nos preocupamos com a dor alheia, conseguimos esquecer um pouco as nossas próprias mazelas e transformar o peso que carregávamos numa suave e abençoada leveza de alma. Que assim Deus nos ajude!
