Estes dias, no supermercado, um rapaz e duas moças arrumavam a banca de frutas, substituindo as estragadas e colocando as mais bonitas em evidência. Conversavam entre si, quando chegou uma outra funcionária avisando os colegas que iria faltar no dia seguinte, pois precisava fazer um exame médico. Ficou uns minutos por ali e se afastou.
Logo em seguida uma das moças comentou ironicamente:
– Será que ela pensa que vai fazer falta?
O rapaz respondeu:
– Ela aqui ou não é a mesma coisa… Não faz nada, só enrola…
Saí dali me lembrando do tempo de trabalho na minha vida profissional e familiar, no desdobramento de atividades, em tantos lugares diferentes, no que fazia além do solicitado e do necessário… Como me sentiria se ouvisse as frases acima referidas a mim?
Na história bíblica, há vários relatos sobre reis de Israel que foram elogiados por terem andado conforme a vontade do Senhor e também há outros, como Jeorão, que agiram de modo oposto e, no final, aparece o comentário: “Partiu sem deixar saudade”
Acho profundamente triste essa frase. Como pode alguém, depois de uma vida inteira, junto à família e ao povo que governou findar seus dias dessa forma? Se mesmo animais, quando morrem, provocam comoção e saudade?
Bem sabemos que ninguém é insubstituível. Quando partirmos, o sol continuará brilhando, nosso cargo rapidamente preenchido, a vida transcorrerá quase igual, a não ser pela tristeza dos nossos queridos, pela dor da separação.
Também não concordo muito com o Padre Fábio de Melo, quando diz que deixam de nos amar quando não tivermos mais utilidade.
Penso que os sentimentos que plantarmos produzirão bons frutos na memória daqueles com quem convivemos. Seremos, assim, lembrados com saudade, especialmente se fizermos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Prefiro pensar que sentirão minha falta. Você também?
“O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 João 2.17).
