O ônibus parou no semáforo e olhei pela janela. Uma cena foi se desenrolando aos meus olhos como se estivesse na plateia de um teatro.
Um grupo de garis estava acomodado num gramado, aproveitando a sombra de um muro, com suas marmitas na mão. Aí foi chegando um retardatário, fazendo graça ao abrir a embalagem enquanto se aproximava dos outros. De repente, tropeçou e conseguiu se equilibrar com esforço, petecando desesperadamente sua marmita que, felizmente, não caiu… Foi muito hilário! O próprio protagonista da cena riu alto, com gosto, seguido pelos companheiros que pareciam se divertir muito também…
O ônibus retomou seu trajeto e eu continuei ligada ao fato tão comum, corriqueiro mesmo.
Fiquei imaginando o trabalho difícil, desgastante, de quem percorre as ruas sob a inclemência do sol, às vezes do frio ou da chuva, numa atividade tão mal conceituada e mal valorizada, sem dúvida mal remunerada também. Entretanto, não desperdiçaram a oportunidade de dar boas risadas com a trapalhada do colega…
Mais uma vez admiro com a capacidade que nós, brasileiros, temos de rir de nós mesmos.
Isso é bom- dizem- e acredito que seja verdade Quem não sabe fazer isso, pode aprender! Basta aceitar-se como ser falível, que se conhece e sabe do que é ou não é capaz. Também não exigir demais de si mesmo pode ajudar, principalmente quando se tem a chance de aproveitar as situações cotidianas que provocam riso. Acredito que é bem melhor que viver reclamando de tudo.
Pode não ser tão fácil, mas em A mente é maravilhosa li que “Aprender a rir de si mesmo é o caminho mais simples para atingir a paz interior. Assim como para a resiliência e a bondade”
Termino lembrando uma vez em que escrevi uma linda mensagem de aniversário para uma amiga e, quando a enviei, percebi que havia desejado mil “alergias” em vez de “alegrias“. Nesse tempo, não sabia como editar um texto… Desconfio que, se o desejo se cumpriu, ela deve estar se coçando até hoje…