Presenciar atos de bondade autêntica transmite um sentimento de paz e alegria que perdura. Alguns desses atos, ainda que pareçam insignificantes, podem ficar em nossa memória e serem inspiradores em momentos difíceis.
Pensei nisso quando vi uma reportagem esses dias sobre um desses atos de bondade. Há dias, um mototaxista, numa manhã fria, passou por uma pessoa que dormia sob uma marquise. Ele se foi e não demorou a voltar. Desceu da moto com uma coberta nas mãos e colocou-a cuidadosamente sobre a mulher deitada. Em seguida, deixou uma sacolinha embaixo do cobertor. Subiu na moto e partiu. Tudo foi filmado por uma câmera do estabelecimento e foi possível ver a mulher se enrolando na coberta como se fosse um casaco, abrindo a sacola de onde tirou um lanche que comeu em seguida.
O responsável pela câmera viu a cena e a postou numa rede social. O moço da moto foi identificado e levado a um programa de TV, onde chorou, emocionado ao contar o que sentiu quando viu a pessoa dormindo ao relento naquela manhã gelada.
Certamente esse fato deve ter mexido com muita gente, comigo, inclusive. O que poderia passar despercebido, “batido”, como se diz, serviu para despertar em muitas sensibilidades adormecidas um choque de realidade: “E eu, aqui no meu casulo tão confortável, aquecido e bem alimentado, que tenho a ver com isso? ” Não tenho culpa da miséria alheia, não contribuí para ela, não fiz nada…”
Esse é o ponto: enquanto esperamos que os órgãos governamentais façam alguma coisa, enquanto vociferamos contra as desigualdades sociais, enquanto não fazemos nada, pessoas sofrem, adoecem e chegam a morrer de fome, frio ou inanição…
Ah, Senhor, perdoa nossa omissão, abre nossos olhos e nossos corações e livra- nos da indiferença, tão contrária aos teus mandamentos!
Isso é comigo? Claro que sim! E com todos que dizem conhecer Jesus.
Observação: A foto que ilustra o texto é da escultura “Jesus sem teto”, do canadense Timothy P. Schmalz.
