Comentando com minha netinha como ela estava crescendo rápido, ela disse que ia crescer mais ainda e levantando as mãozinhas pra cima da cabeça disse: – Vou ficar maior do que você! Você vai ver! Foi aí que pensei: ” Se Deus quiser, vai, sim, ficar mais alta que eu! Mas, não vou ver, minha querida! Não mesmo! Não sou especialista, mas penso que a noção de tempo demora um pouco a ser entendida pelas crianças menores. É interessante perceber a confusão entre o ontem e o amanhã, por exemplo. Calcular dias, meses, semanas, anos, então, é muita abstração! Tenho pensado nisso ultimamente, quando, inseridos nesta outra realidade imposta pelo isolamento que segui à risca e agora pelo distanciamento necessário, muitas vezes me pego perguntando “Que dia é hoje?” ou ” Foi antes ou depois da pandemia?” Imagino como deve funcionar a cabecinha das crianças pequenas, para quem “daqui a pouco” é muito tempo… E ” na próxima semana” ou ” mês que vem”, então? A conclusão disso tudo é tão óbvia e, ao mesmo tempo tão difícil de aceitar: avós ou não, esse pessoal da terceira idade no qual me incluo há anos, não tem muito tempo, não! Estamos vivendo a última etapa desta vida, da qual nos despediremos brevemente, talvez… Acredito que seja por isso que nos apegamos tanto a essas criaturinhas que Deus nos enviou como presentes. Mesmo quem não aceita a efemeridade da vida sabe, bem no fundo, que esse período com os netos será curto… Não temos mais muito tempo, não nos enganemos… Que fazer, então? Penso que, em vez de nos lamentarmos e reclamarmos pelo fim da jornada, seremos mais bem-aventurados se aproveitarmos bem o tempo que nos resta com mais gratidão e alegria. Testamento? Herança? Legado? Bobagem se preocupar com bens materiais… Que seja esse um tempo de qualidade, de construção de memórias afetivas, do encontro com a esperança num futuro de paz. Por enquanto, posso afirmar cá entre nós : – Não, querida, não vou ver você crescer até ficar maior que eu, mas oro para que o Papai do Céu a abençoe em todos os dias da sua vida.
