Viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, cercado por serafins com seis asas, com as quais cobriam o rosto e os pés ao voar entoando louvores àquele que é santo, santo, santo… Atônito o profeta só consegue dizer: “ Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos exércitos! ” Nesse instante, um dos serafins lhe tocou a boca com uma brasa tirada do altar, afirmando que ele estava perdoado das suas transgressões. Então, quando a voz do Senhor perguntou quem iria por ele, prontamente respondeu: ” Eis- me aqui, envia-me a mim.” O texto retrata o assombro e a perplexidade do profeta ante a contemplação da glória de Deus. A cena é tão grandiosa que Isaías sente-se perdido na sua pequenez, indigno de tal privilégio. Esse sentimento leva-o à confissão: ” Sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios…” A linguagem é figurada, usa a parte (lábios) para significar o todo (ser humano) É o ser humano que se declara impuro, não merecedor de vizualizar o esplendor divino, louvado por serafins. A expressão ” lábios impuros” também pode remeter à forma de comunicação errada, distorcida, não totalmente verdadeira. Entretanto, a cena prossegue e o pecador confesso não é desmentido nem tampouco expulso do templo ou exonerado de suas funções. Ele é acolhido e perdoado por meio da brasa viva do altar do Senhor misericordioso. Que todos nós, seres de lábios impuros, possamos reconhecer essa nossa triste condição, sentir arrependimento e alcançar o perdão mediante a maravilhosa graça do Pai. Nestes tempos tão sombrios, quando mínimas observações são terreno fértil para desavenças, quando atritos brotam qual erva daninha, precisamos mais do que nunca dessa brasa purificadora para obter perdão e paz para, então, poder contemplar a glória de Deus.