Há anos, num desses momentos de “jogar conversa fora“, estava com meus primos falando sobre a quantidade de livros que professores de Literatura vão juntando pela vida… Então, falei para o Cláudio, marido da prima Ivone, que quando morresse, doaria meus livros para ele, já que lecionava Língua Portuguesa como eu. Na mesma hora, a prima retrucou: ” Deus me livre! Não faça isso! Já não sei onde guardar os livros do Cláudio e você ainda quer dar os seus?” Tudo acabou em risadas.
Isso faz muito tempo, tivemos pouco contato nos anos seguintes. Dei um jeito de doar muitos livros após minha aposentadoria, mas essa conversa me veio à memória quando soube do falecimento dele esta semana.
Muito triste perder pessoas queridas por essa doença avassaladora, cuja gravidade ainda não foi assimilada por tantos, inclusive pelos que deveriam se preocupar pelo bem coletivo…
Pois o primo Cláudio partiu, deixando saudade e sua ausência está sendo dolorosa, especialmente para a esposa, filhos e netos. Li alguns posts de despedida nas redes sociais, todos se referindo ao seu companheirismo e ao seu sorriso constante. Comovente o depoimento do filho reconhecendo no pai o professor que soube ensinar pelo exemplo… Um pastor relembra carinhosamente a gentileza e a amabilidade do Cláudio com ele e sua família durante o tempo em que conviveram.
Mas, o comentário que me encantou foi o de alguém que se referiu a ele escrevendo: “tombou um servo acolhedor”. Como gostei dessa expressão! Creio que a palavra “servo” cabe perfeitamente a quem se diz cristão, a quem procura seguir aquele que veio para servir e dar exemplo de serviço. Mas, servo acolhedor vai além, pois denota algo mais, como se fosse um belo complemento, o adorno, a sensibilidade peculiar a quem se doa ao outro em amor.
Essa é sua herança, amigo Cláudio: a paz do seu sorriso acolhedor, que não será esquecido e continuará sendo uma inspiração para todos os que o conheceram. Até mais!
