Vou me apresentar: sou uma strelizzia reginae (chique, não?) mais conhecida como ave do paraíso. Nasci em Serra Negra e fui presenteada pelas amigas Evani e Rose. Faz algum tempo que estou enfeitando um pequeno jardim, bem cuidado pela amiga Maria.
Pois bem, o último final de semana foi bem animado, com vozes, gritos, cantos e até dancinhas de várias crianças adoráveis que pularam e brincaram à minha volta. Foi lindo ver e ouvir todo aquele alarido de gente feliz se divertindo e curtindo o dia ensolarado… Sem falar no Tandy, o Gold queridão de todos, meio chateado com os ” ataques” da Pipoca, novo membro da família, ainda filhote… bem sapeca.
Mas o que vi e ninguém percebeu foi uma aranha, daquelas grandonas e peludas, percorrendo silenciosamente (como é costume delas) o espaço entre a grama e a varanda. Estremeci quando a vi entrando sorrateiramente na caixa de brinquedos das crianças… Cada vez que via um adulto ou um dos pequenos revirando a caixa em busca de bola, peças de jogos ou outras coisas, eu me balançava aqui no meu galho. Quanto perigo! E quando o Levi, de um ano e pouco, tentou virar tudo, quase tive um treco…
Mas tudo correu bem e o fim de semana acabou em paz, mesmo com um joelho ralado aqui e um dedão esfolado lá…
Bem, chegou a segunda feira um tanto preguiçosa, agora sem os hóspedes que haviam partido… Balançando com o ventinho do outono, olhei para a varanda e … o que vejo? Nada mais que a inquieta Pipoca tentando entrar na tal caixa de brinquedos…
Ai, meu Pai, será que a aranha ainda estaria lá? Vira pra lá e pra cá, dá um pulo e pronto…a cachorrinha conseguiu entrar! E eu aqui, imóvel, claro, tremendo e torcendo… Não demorou muito para ouvir os gritos dela. Ainda bem que foi socorrida a tempo, internada e medicada.
Agora, observando a Pipoca brincar, estou aliviada e pensativa: será que algum anjo protegeu as crianças? E por que não protegeu a Pipoca? Não sei.. Você sabe? O que sei é que estou vendo adultos mais gratos e crianças mais atentas…
Por aqui me despeço, consciente de que minha vida é curta, mas útil, na medida em que reflete a beleza e o brilho da criação.
