Nem queria acordar, tão lindo o meu sonho… Agarrei- me a ele, fechando bem os olhos para fugir da realidade que me chamava insistentemente. Ainda consegui ver as folhas verdinhas das árvores se agitando lentamente ao ritmo da música. Sim, sonhei com belas árvores cantantes… Duas! Estavam no canto de uma pracinha, já bem crescidas e produzindo frutos… Quando chegava pertinho, os sons musicais começavam a se espalhar. Uma lindeza! Não identifiquei a música, que era alegre, daquelas que dão vontade de dançar…
Fiquei tão feliz com aquela novidade, principalmente quando verifiquei que tudo era natural. Nem tentei entender a tecnologia que permitia aquele milagre de beleza, ritmo e sonoridade… Fiquei dando voltas ao redor delas, encantada como uma criança que recebe um presente inesperado… Mais à frente vi dois rapazes plantando pés de ameixas amarelas e mexericas, ambos já frutificando. Seriam também cantantes? Foi aí, envolta em pleno encantamento, que acordei.
Lamentavelmente, foi só um lindo sonho, um refresco para a dura realidade que o noticiário nos empurra goela abaixo, logo de manhãzinha. Senti gratidão pela beleza que havia povoado meus pensamentos, como se me fora permitido penetrar num mundo mágico, verdadeiro oásis nestes desertos que atravessamos penosamente.
Então, comecei a orar, pedindo por nossa pátria tão sofrida, por nosso povo tão carente de saúde, de alimento, de educação, de dignidade, de bom senso, de amor…
Sem me esquecer, claro, de mais um bom motivo para súplica: Afeganistão e seus conflitos. Misericórdia, Senhor, para os oprimidos, especialmente para as mulheres e crianças!
