Cotidiano

Nada fica?

Written by Zeneide

“Nada fica de nada. Nada somos.”  ( Fernando Pessoa )

Concordo que nada somos – uma insignificante poeirinha num dos incontáveis planetas do espaço  infinito.  Mas discordo, poeta, quando diz que nada fica… Nossos queridos que partem antes de nós não se vão totalmente enquanto houver alguém que deles se lembre. As lembranças são a forma que encontramos para que eles permaneçam vivos e sejam, de certo modo, conhecidos e amados também pelas futuras gerações.

Quando eles se vão, parece que fazemos uma síntese com os melhores momentos, as frases recorrentes, as características que mais sobressaíram e nos marcaram. Talvez seja por isso que, nos velórios, haja tanto assunto para tantas conversas rememorativas: gostamos de contar e de ouvir casos engraçados, pitorescos ou emocionantes que esses queridos protagonizaram. Eles partiram, mas a nossa memória, seletiva como é, separa tudo que é essencial ou relevante…

Foi assim que aconteceu quando nos despedimos esta semana do tio Laurentino Paulo, nosso querido tio Loro. A dor da separação foi permeada por narrativas recheadas de sorrisos, amabilidade e generosidade. Para mim, o que mais marcou foi o encantamento que ele sempre provocou nas crianças. Onde houvesse crianças, lá estava o tio Loro sorrindo e fazendo sorrir. Um ímã, sabe? E como isso fazia bem para ele e para os pequenos!

Pois é, tio querido, de você ficou a saudade que já sentimos, ficou também o maravilhoso exemplo de vida que deixou, como tão bem pontuou seu filho, ao lado da mãe, da esposa e dos filhos amados. Que maior legado pode alguém almejar?  Certamente, todos que o amaram e o admiraram irão honrar sua memória.

Melhor fariam se conseguissem também imitar seu sorriso e a generosidade dos seus atos de bondade.

Até mais, tio querido!

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.