Cotidiano

É óbvio!

Written by Zeneide

Sabe aquele encontrão inesperado que a gente dá de vez em quando? Primeiro vem o susto e logo depois a reação de revolta ou de riso… Ontem dei um desses. Não um encontrão real, físico, mas metafórico. Numa conversa virtual, comentei que estou ficando velha demais para me aventurar em viagens longas. Quer saber qual foi a resposta?

–  Você acha que vai ficar mais nova com o passar do tempo?”

Aí está como esbarrei de frente com o Sr. Óbvio! Se fosse minha irmã Zélia, diria “Me dá uma raiva quando não tenho razão!”

Claro que ninguém vai rejuvenescendo com o passar do tempo. Sinais de velhice são loucos por se mostrar: uma ruguinha a mais aqui, uma dor nova nas articulações, joelhos que se recusam a subir escadas… Fotos estão aí para confirmar a ação implacável do tempo. Até o vocabulário vai se cristalizando… Lembro-me dos meus filhos, quando crianças, se divertirem ao ouvir a avó dizer que estava com dor nas cadeiras. Hoje sou eu, cuidando para não cair no arcaísmo… Claro, é óbvio que a velhice chega e só se livra de ficar idoso quem morre jovem.

É óbvio também que o tempo voa, que o arco-íris vem depois da chuva, que depois da tempestade vem a bonança (ou a enchente…), que vaca não dá leite (é preciso tirar!), que é normal colher o que se planta… e a lista vai longe.

Para quem crê nas Sagradas Escrituras, é muito confortador ler que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30:5)

Para mim, é óbvio que ” noite” pode ou não significar um pequeno período de tempo. Há noites curtas, mais leves, porém há outras que se prolongam por meses ou até anos. É o que acontece no luto, que tem duração diferente para cada pessoa, tempo que precisa ser respeitado com empatia, sem julgamentos. Essa é uma noite que pode ser bem longa e dolorida.

Mas, para todos os que sofrem a dor da separação, resta esperar pelas “misericórdias do Senhor, que não têm fim e se renovam cada manhã”.(Lamentações  3: 22, 25)

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.