Será que tristeza tem cor?
Talvez seja cinzenta como os dias frios e chuvosos, ou então tenha a cor feia da injustiça ou do preconceito. Pode ser também que, como camaleão, se vista com a a palidez da morte ou com a opacidade da desilusão. Talvez – mais provável- seja encardida, da cor da sujeira, como a hipocrisia e a falsidade. Também não duvido que encarne a cor aguada, sem graça, da decepção.
Não consigo aliar a tristeza a nada diferente da dor, da despedida, da perda, da depressão ou da indiferença. Por isso, não pode ter cores atraentes, vistosas, que agradem o olhar.
O que sei é que às vezes sou repentinamente atingida por uma funda tristeza, que de modo traiçoeiro entra em mim e fica em mim presa por um bom tempo, até que eu consiga “trazer à memória o que me pode dar esperança”. E, graças ao bom Deus, tenho um enorme estoque dessas memórias. Basta reconhecer, com gratidão, essas bênçãos tão preciosas, que lentamente a onda de tristeza vai se retirando com toda a sua carga de fealdade.
Então, pouco a pouco, vou me aquecendo com essas lembranças que chegam trazendo de volta o colorido, de braços dados com a paz.