Fala de professor: “Olha pra frente. A prova é individual!” Lembram-se dessa advertência?
Embora hoje seja normal fazer prova em dupla ou até em grupo, a maioria ainda é feita de modo individual . Muitas coisas na vida só podem ser realizadas dessa forma: ninguém pode dar à luz, fazer exames laboratoriais ou tirar fotos no lugar de outra pessoa, claro! Mesmo assim, nas reportagens ou filmes, vemos tentativas de fraude em alguns casos, o de gêmeos idênticos, por exemplo.
No decorrer da vida, enfrentamos incontáveis provas. Algumas (poucas) , fáceis, do tipo que resolvemos até “di costas“; outras, complicadas, demandam tempo, paciência e ajuda. Entretanto, aparecem umas provas-surpresa, para as quais não temos preparo algum e que nos deixam desorientados, sem chão e sem rumo. Para essas situações, é preciso fazer consultas, escavar fundo na memória, à procura da esperança, aquela que nos lembra das misericórdias do Senhor, infinitas, sempre disponíveis e renováveis.
E essa promessa aviva a fé, aquece o coração, aquieta a alma a ponto de conseguirmos orar em silêncio pela ação do Santo Espírito, que ensina, consola e intercede por nós.
Embora seja importante ter uma rede de apoio em tantas e diferentes circunstâncias da vida, a hora da morte é experiência individual, única, totalmente solitária e definitiva… Mas, não precisa ser aterrorizante! Creio que quanto mais conscientes estivermos da efemeridade da vida, da fragilidade dos laços que nos prendem a essa realidade, teremos mais condições de racionalizar esse momento único, para o qual não há ensaio.
Clarice Lispector escreveu “A morte será meu maior acontecimento individual”.
Se, durante a vida nos preparamos para tantas coisas, como estudos, casamento, chegada dos filhos, aquisição de bens materiais, por qual razão não pensaríamos na despedida ? Claro que sempre achamos cedo demais, como se nos dissessem seriamente: ” Não vá ainda, fique mais um pouco…”
Que bom se pudermos nos avaliar com mais frequência, ter mais cuidado conosco mesmos para poder cuidar dos outros! Talvez seja essa uma boa forma de nos preparar para a nossa derradeira prova individual.
