Não, não tenho caminho novo.
O que tenho de novo
é o jeito de caminhar.
Aprendi
(o que o caminho me ensinou)
a caminhar cantando
como convém
a mim
e aos que vão comigo.
Pois já não vou mais sozinho.” (Thiago de Mello).
O tempo voa, nos atropela e vamos chegando a um ponto da jornada em que nem nos preocupamos tanto em percorrer ou descobrir novos caminhos. Procuramos, sim, ficar mais atentos e cuidadosos para contornar obstáculos e evitar tropeções ou quedas. Nosso objetivo é chegar com segurança.
Encantou-me o que o poeta aprendeu: caminhar cantando! Muito melhor que reclamar ou murmurar sobre as dificuldades, a lonjura ou o cansaço. Cantar ajuda, sim, distrai, alenta, produz novo ânimo que até pode contagiar os companheiros da caminhada. E nem precisa ser afinado! Cantar despreocupadamente, pelo prazer de soltar a voz, sem receio de críticas… Ou mesmo, metaforicamente, cantar “por dentro”, como minha mãe costumava fazer.
Por tudo isso, o poema de Thiago Mello me impressiona e me incentiva a buscar novos jeitos de caminhar. Por quanto tempo? Até onde? Não sei, ninguém sabe! O fim da jornada continua sendo um mistério…
Encerro esta reflexão, citando Freud, numa carta a Fliess, em 1895 : Aquilo que não podemos alcançar voando, devemos alcançar mancando.
Bora caminhar?