Cotidiano

Até o vento chora!

Written by Zeneide

Quem nunca passou por momentos tão difíceis que tudo em volta dá um break de repente ? A voz se cala, os ouvidos se fecham, o coração silencia, a mente se anula e nada mais tem sentido! Fica só o ser encurralado num vazio profundo. É a tal noite escura da alma, período indefinido no tempo, quando as coisas e até as pessoas deixam de ter importância!

De repente, no silêncio, um som forte, um tanto raivoso, vai se impondo e se fazendo ouvir, como um lamento, um choro mesmo! Sim, o vento chora ao movimentar ruidosamente os galhos e as folhas das árvores. E produz sons de assobio ou de soluços abafados…

Isso, milagrosamente, funciona como um sinal: se até o vento chora, por que  também não poderia soltar o pranto represado? E chorar faz bem, não só pelo alívio da tensão como pela certeza de que não precisamos ser sempre fortes. Que nos considerem humanos – já está de bom tamanho!

Pra que precisamos de elogios e de comentários sobre como somos bons guerreiros ou uma fortaleza inexpugnável? Somos gente que ama, ri, se decepciona, tem fragilidades e, muitas vezes, precisa de colo e de um abraço acolhedor! Nada de extraordinário ou vergonhoso se entregar momentaneamente a um bom choro para lavar a alma. Que nos critiquem ou nos chamem de vitimistas! Tanto faz!

Se até o vento chora…

O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (Salmo 30:5)

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.