“Sacudam os pés, as poeiras gostam de viajar” (Mia Couto)
Encontrei essa frase, que me fez refletir… A palavra poeira não sugere nada agradável. Lembra desleixo, abandono, envelhecimento, alergia…
Até Jesus Cristo aconselhou seus discípulos a sacudir o pó das sandálias quando não fossem bem recebidos ou aceitos… Talvez, para não carregar consigo o pó da rejeição, antes de continuar atendendo a ordem de propagar o evangelho em todo lugar.
Hábito comum em muitos países, foi recomendado e praticado no Brasil no período da pandemia, o ato de tirar os sapatos ao entrar em casa. Bom seria se isso continuasse, pois não há como ignorar o fato de que carregamos na sola dos calçados milhares de resíduos nocivos à saúde.
Na década de 60, Paulo Vanzolini, autor dos versos “Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima” talvez nem tivesse imaginado que sua música se tornaria um hino à resiliência, um incentivo à reação depois de um desequilíbrio em qualquer área da atividade humana. Quanta gente deve ter sido estimulada a se reerguer depois da queda, real ou metafórica!
Interessante que, nos exemplos citados, a recomendação é a de sacudir a poeira, no sentido de livrar-se dela, de eliminar o mal que ela representa…
Que neste início de ano, possamos também remover toda a poeira do desânimo, da mágoa, da frustração, das dores ocultas, do próprio sentimento de culpa para permitir que algo novo, bom e agradável habite e enriqueça o nosso mundo interior, que tanto precisa ser arejado. Que tenhamos disposição para renovar a mente e abrigar somente o que for útil para o nosso crescimento.
Que assim Deus nos ajude e abençoe!
