Vi uma tirinha do professor Mario Cortella, em que aparecem cenas familiares com muita gente envolvida na confecção de pamonhas. Quando alguém pergunta se não é muito mais fácil comprar pamonhas na loja do que ter todo aquele trabalhão, o professor responde:
– Não estamos aqui para fazer pamonhas, estamos para conviver!
Concordo plenamente. Quem, como eu, já participou dessa atividade em grupo, sabe que é algo trabalhoso de fato. Começa por descascar o milho e tirar os cabelos cuidadosamente. Depois, ralar as espigas (ou cortar os grãos e moer no liquidificador). Em seguida vem a fase de coar, acrescentando leite e açúcar na medida certa. Pra mim, a maior dificuldade é acomodar essa mistura em saquinhos feitos com a palha do milho e amarrar com cuidado, sem apertar. Aí é necessário o uso de quatro mãos, em perfeita sintonia… Por último, cozinhar numa panela grande.
Ai, que vontade me deu agora! Você também?
Mas, se o grupo envolvido é de pessoas amigas, esse trabalho todo é feito entre conversas, lembranças, muitas piadas e risadas compartilhadas. Verdadeira diversão!
Lembro-me também com saudade das reuniões familiares para fazer o famoso bolinho de frango, típico da região de Itapetininga. Uma delícia, tanto o bolinho quanto a reunião na cozinha, onde se fritavam aquelas gostosuras em panelas grandes. Risos, comentários e causos diversos nessa roda de conversa que sempre terminava com alguém tocando violão para acompanhar a cantoria…
Acontece assim com o churrasco, que dizem que é bom quando demora …
Mesmo sem querer, o saudosismo vai se infiltrando pelas brechas das recordações. Realmente, professor Cortella, estávamos em reuniões como essas para conviver. O importante era estar juntos, conversar, brincar, contar e ouvir novidades! Muito diferente dos dias de hoje, quando o tempo se encolheu e mal se pode compartilhar um fast food descongelado, sem graça, com gosto de papel rasgado… Pior ainda: a todo momento interrompido pelos toques irritantes das notificações dos celulares…