Cotidiano

Tênis desamarrados

Written by Zeneide

 

Minha irmã Zélia – aquela cujos micos já citei muitas vezes aqui – ia caminhando cuidadosamente, prestando atenção nos desníveis da calçada…

Spoiler! Desta vez não é mico!

Um tropeção não estava nos seus planos, muito menos um tombo. Ainda trazia lembranças doloridas do último, que veio acompanhado de fratura, cirurgia, fisioterapia e afins.
De repente, viu uma senhora carregando várias sacolas, com um dos tênis desamarrados, com os longos cadarços se arrastando perigosamente.
Chamou a atenção da senhora e apontou para os pés dela, que percebeu e fez uma cara desolada.
Vendo a sua dificuldade, com tantas sacolas, pediu que a senhora colocasse o pé na borda de um canteiro e se abaixou para amarrar aquele cadarço e apertar melhor o outro.
A senhora agradeceu muito e, emocionada, comentou: “como é bom ver que ainda há boas pessoas no mundo...”

Quando a Zélia me contou isso, me lembrei de uma vez em que eu estava com os tênis desamarrados no supermercado e um senhorzinho já bem idoso, quase correu atrás de mim para avisar. Agradeci e, enquanto eu ajeitava os cadarços, ele me contou sobre uma queda memorável que teve por esse motivo.

Nessa conversa com minha irmã, concordamos em como é fácil fazer uma gentileza. Um pequeno gesto pode melhorar a vida de alguém. E há tanta coisa que podemos fazer sem esforço, sem gastar nem um real!
Segurar a porta do elevador para alguém entrar, pegar saquinhos plásticos para quem está atrás de nós na fila, no supermercado, oferecer uma fatia de bolo para a vizinha do lado… E um sorriso, então, que não gasta eletricidade e ilumina os dias mais nublados?

Aconteceu comigo nesta semana: fiz várias compras e ia chamar um Uber para voltar, quando percebi que não havia levado o celular. Nessa hora apareceu uma jovem a quem contei meu problema. Imediatamente ela pegou o celular e não só chamou o Uber, como o esperou chegar e me ajudou a colocar as sacolas no carro. O lindo anjo chama-se Rafaela.

 Muito oportuno lembrar a recomendação do Mestre lá no passado: “Façam aos outros o que vocês querem que lhes façam”.

 

 

 

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.