De geração em geração

Por: Zeneide Ribeiro de Santana

Vai completar oitenta e dois anos e mora sozinha, na zona rural, por opção. Sente-se bem disposta, tem boa saúde e gosta de viver no seu sítio, cuidando da horta, das galinhas e do pomar.

Poderia estar vivendo na cidade, na casa dos filhos que a amam e procuram agradá-la, mas prefere a vida a que está habituada desde a infância. Não se acostuma com ambientes pequenos; apartamento, então, nem pensar! Sabe que se preocupam com ela, que gostariam de tê-la por perto, mas sente que não viveria muito tempo longe do seu cantinho.

Percebe as limitações que vão chegando com a velhice e lamenta que seu corpo não possa mais corresponder à atividade mental, ainda bem ágil. Mas isso acontece com todos – pensa. É preciso observar os limites, sempre!

Nas horas mais tranquilas dos fins de tarde, costuma recordar o tempo do marido vivo, dos filhos crescendo e criando asas para seus voos que os levaram de casa, um a um. Formaram-se, casaram e tiveram seus filhos. Contenta-se por ter sido boa esposa, mãe dedicada e avó carinhosa. Seu carinho se manifestava por meio dos bolinhos, das pamonhas e de tantos outros pratos saborosos que  levaram na lembrança. Ainda os prepara com amor quando vêm visitá-la, conforme  a preferência de cada um.

Mas, a melhor de todas as lembranças, seu orgulho mesmo, é a herança espiritual que veio dos avós, dos pais e que conseguiu transmitir aos filhos, netos e bisnetos. Sente alegria por saber que as novas gerações continuam servindo o Senhor Jesus Cristo, alguns como pastores nas igrejas, outros nos campos missionários do exterior. Isso a faz saborear todo o sentido da vida.

Não teve oportunidade de continuar os estudos, porém sua sabedoria vem das lutas, do trabalho constante, do aprendizado contínuo dos que amam a palavra de Deus e praticam seus ensinamentos.

Tem nome de pedra preciosa. Sua vida é preciosa, prima Esmeralda!

“Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.” ( Salmo 90)