Sabemos que o verbo desbotar, que significa descolorir ou descorar, é mais utilizado com referência a tecidos, roupas. O mesmo que perder a viveza da cor.
Nos antigos romances, personagens pobres, desafortunados, são geralmente descritos a partir das vestimentas desbotadas e remendadas. Lembro-me da mamãe comprando panos para fazer nossos vestidos e perguntando à vendedora se as cores eram firmes, pois não queria nada que desbotasse.
Muitas vezes, a causa da perda da cor é a ação do tempo, o uso prolongado. Quando não, um acidente com água sanitária… E quase todos têm uma camiseta velhíssima, descolorida, mas extremamente confortável, que usam até furar completamente e não servir nem mais como pano de chão.
Apesar disso, atualmente o uso de roupa desbotada, calças jeans, por exemplo, pode ser fashion, chique, estiloso. Escolhem-se as mais descoradas, ou até mesmo as rasgadas ou descosturadas. Sinceramente, não entendo como alguém pode sentir-se bem vestido usando essas peças. Mas há quem entenda. E goste!
Entretanto, no sentido figurado, o mesmo verbo pode ser empregado como perder o brilho: “A decepção e a tristeza desbotaram-lhe a face.” Deprimente, mas muito mais comum do que imaginamos…
Adversidades, naturalmente, costumam empanar o brilho das pessoas. Daí para o desbotamento do ânimo, da disposição, é um passo. Não é raro ficarmos desbotados metaforicamente.
Os chineses têm um provérbio apropriado para essas situações: “Não há que ser forte; há que ser flexível.”
Que nos lembremos sempre da primavera, quando a natureza nos oferece um festival de cores e sejamos suficientemente flexíveis para suportar as provações com coragem. Quem sabe, assim, nossas cores se tornem mais fortes, mais vibrantes! Afinal, cremos num Deus que nos sustenta, nos ampara e renova nossas esperanças. Verdes, sempre bem verdes!
E ninguém quer permanecer desbotado, não é mesmo?