A boa educação manda que se peça licença para entrar na casa ou no ambiente de trabalho das pessoas. Ligar antes, em certos casos, é imprescindível.
Quando ainda não se fazia uso da energia elétrica, geralmente as pessoa batiam palmas ou gritavam “Ô de casa!”, para avisar que estavam à porta. Às vezes, vinha a resposta brincalhona:
– Não tem fogo nem brasa!
Velhos tempos. Velhos costumes. Sem tanta preocupação com a segurança. No interior, muita gente não trancava as portas nem à noite. Familiares, amigos e vizinhos eram sempre bem-vindos e era comum se falar: “A casa é sua!”
Só na residência de parentes muito próximos ou com amigos mais chegados que irmãos temos a liberdade de ir entrando assim, sem cerimônia.
Escrevo sobre isso depois de reler o poema “Irene no céu”, de Manuel Bandeira, em linguagem deliciosamente informal:
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagino Irene entrando no céu:
– Licença meu branco!
E São Pedro bonachão:
– Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
Estamos todos numa caminhada e não sabemos como nem quando ela vai terminar. Muita gente (a maioria?) não tem noção de onde irá chegar. Muito misteriosa, a morte. Prefiro dizer separação.
Por mais livros psicografados, por mais variadas teorias e suposições sobre a vida além da morte que existam, o mistério permanece. Creio que só iremos desvendá-lo quando chegar a nossa vez de atravessar essa ponte.
Assim como o poeta Manuel Bandeira, também gosto de imaginar… Que alegria, que bênção grandiosa será poder ouvir do próprio Pai:
– “Entre, …………..(imagine aqui seu nome), você não precisa pedir licença. Seu passaporte está pronto desde aquele momento em que creu que Jesus venceu a morte por você e lhe garante a vida eterna. Pode entrar, a casa é sua!”