Por: Zeneide Ribeiro de Santana
Migalha – palavra de várias conotações – nos remete à pequenez, à exiguidade, a sobras, restos e vestígios.
Migalhas podem incomodar quando tiram a aparência de limpeza, de arrumação. Quem gosta de farelos de salgadinhos no carro recém-lavado? Ou no tapete escuro da sala de visitas?
Mas, elas também podem representar desperdício. Muitos restinhos podem ser reaproveitados, especialmente se forem juntados a outros com criatividade. Afinal, “de grão em grão…”
Entretanto, migalhas são úteis para a alimentação. Aves se deliciam com elas. Muito comum ver pássaros rodeando o quintal e mesmo entrando nas casas em busca de farelinhos. Porém, quando se trata de sentimentos, poucos se contentam em receber migalhas de atenção. “Ou tudo ou nada! Não quero migalhas do seu afeto!”
Em Mateus 15: 21-28 lemos o relato de quando Jesus foi abordado por uma mulher cananeia. Ela pediu que ele curasse sua filha, que estava endemoninhada. Jesus nada respondeu e ela o adorou e continuou insistindo, a ponto de os discípulos pedirem que ele a despedisse. Mas Jesus lhe disse :
-Não é bom pegar o pão dos filhos para dá-los aos cachorrinhos.
Sem se mostrar ofendida, ela argumentou:
– Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
Resultado: o Mestre elogiou-a por sua fé e curou a filha dela.
Entendo que esse diálogo ensina várias coisas: relacionamento, ousadia, persistência, exercício da fé, universalidade do Evangelho, humildade…
Assim como essa mulher, angustiada e necessitada, buscou o Senhor Jesus, ainda hoje podemos fazer o mesmo. Com certeza, seremos auxiliados no tempo oportuno, pois dele é todo o poder e Ele tem muito mais que migalhas para oferecer aos seus filhos. Ele próprio afirmou: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre.”