“Quando os cuidados do meu coração se multiplicam, as tuas consolações recreiam a minha alma”. (Salmo 94:19)
Entendo “cuidados”, no versículo acima, como preocupações, aqueles sentimentos incômodos que produzem ansiedade. E quem não tem preocupações?
Interessante o modo como o salmista se expressa. A palavra quando dá a entender que o ato de se preocupar é frequente, quase rotineiro. O verbo multiplicar é muito contundente: a causa da preocupação se desdobra em novos surtos. A impressão é de que se vai formando uma cadeia de preocupações sucessivas que conseguem expulsar a paz, esse bem tão desejado por todos.
Creio que, por mais descontraído que alguém seja, de vez em quando se depara com um probleminha que se junta a outro, a mais outro, de tal forma que tudo se embaraça no famoso beco sem saída. Realmente, há situações terríveis que desestruturam até os otimistas de ânimo mais forte.
Nos relacionamentos, conflitos surgem do nada, repentinamente, muitas vezes sem querer, fruto de algum mal-entendido. Para não se emaranhar nessa trama indesejável é preciso se policiar, ter cuidado com a língua, com o tom de voz e, principalmente, não permitir que esse mal-estar se instale e domine a razão.
Cabe aqui o provérbio chinês: “Não podemos evitar que os pássaros da tristeza sobrevoem nossas cabeças, mas podemos impedir que façam ninhos.” Da mesma forma, os pássaros das preocupações parecem sempre encontrar cabeças disponíveis para se instalar e fazer ninhos…
Porém, o melhor mesmo é a parte final do versículo: “as consolações do Senhor recreiam a alma”. Graças a Deus! Se as preocupações chegam sem pedir licença, podemos recorrer à misericórdia do Senhor que promete em sua Palavra não rejeitar um coração contrito. Basta “lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade”, como recomenda o apóstolo Pedro.
Que nossa alma se acalme, se livre de toda angústia para poder se recrear com alegria e reencontrar a paz. Esta, sim, precisa ser buscada, semeada e multiplicada.
