A palavra migalha remete à pequenez, à exiguidade, a sobras, restos e vestígios.
Migalhas podem incomodar quando tiram a aparência de limpeza dos ambientes. Quem gosta de farelos de salgadinho no carro recém-aspirado? Ou no tapete escuro da sala de visitas? Um tormento para os que sofrem de TOC…
Mas, elas também representam desperdício: muitos restinhos podem ser reaproveitados, especialmente se juntados a outros, com criatividade. Portanto, migalhas podem ser úteis para a alimentação. Pássaros se deliciam com elas. Na zona rural, é comum as aves rodearem a casa e mesmo entrarem mansamente na cozinha à procura de farelinhos.
Quando se trata de sentimentos, ninguém gosta de aceitar migalhas do ser amado, ou mesmo da atenção dos outros: “Não sou formiga para viver de migalhas!”– dizem.
Numa ocasião, Jesus foi abordado por uma mulher cananeia, do povo que não se dava com os judeus. Ela pediu-lhe que curasse sua filha e a resposta do Mestre pareceu ríspida:
– “Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.”
Sem se mostrar ofendida, ela argumentou:
– “Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas que caem da mesa de seus donos.”
Resultado: Jesus elogiou-a por sua grande fé e atendeu seu pedido.
Entendo que esse diálogo nos ensina várias coisas: bom relacionamento, exercício da fé, foco no objetivo, persistência na súplica, e também humildade.
Como essa mulher que, angustiada, porém determinada, buscou ajuda com a pessoa certa, ainda hoje podemos fazer o mesmo. Com certeza, seremos auxiliados, pois Jesus Cristo detém todo o poder e tem muito mais que migalhas para nos oferecer.
Aquele que declarou ser o Pão do Céu, certamente irá saciar nossa fome física e nossas necessidades em qualquer área da nossa vida.