Tive uma vizinha que reclamava demais da falta de água, numa época em que houve racionamento no bairro. Falava, resmungava, convidava para fazer protestos barulhentos. Quando aconteceu um acidente fatal na família dela, que tirou a vida de alguém muito próximo, com uma tristeza profunda me falou: “E eu que vivia reclamando da falta de água!…”
Nem sempre dimensionamos bem nossos conflitos e complicações da vida. Não costumamos atribuir a verdadeira proporção aos acontecimentos. Claro que há muitas coisas que nos aborrecem e chegam a nos tirar do sério: barulho de reforma no vizinho do lado, buzinas estridentes, vazamento no banheiro, perda de um jogo, pane no computador… só para citar algumas. Quem não passa por isso?
Mas, se pensarmos bem, não são motivos para tanto drama! Não são tragédias que nos prejudicam tanto assim. Classifico isso como chateações que, como o nome sugere, perturbam o sossego e nos deixam irritados.
Problemas são diferentes: podem chatear também, mas mexem com as emoções, produzem ansiedade e angústia. Para exemplificar melhor, uma batidinha no carro, para mim, é um caso de chateação; o diagnóstico de uma doença grave num familiar já constitui um problema. E problemas podem levar a crises …
Em qualquer dos casos, não é bom dramatizar. Gritar, lamentar, arrancar o cabelos (coisa que não faço porque não tenho muitos e podem fazer falta…) são ações que só minam a energia e não trazem solução alguma.
O melhor é tentar ser forte e buscar ajuda em oração. Confiar e esperar deveriam ser o próximo passo. Depois de afirmar que teríamos aflições neste mundo, Jesus Cristo aconselha: “tende bom ânimo!” É isso! No momento certo, quando mais precisarmos, a coragem e a resistência chegarão naturalmente.
Assim, não ficaremos tão abalados com qualquer chateação e seremos resilientes quando os problemas reais nos atingirem.