É muito bom presentear! Quando se trata de criança, então, é sempre especial. Olhos brilhando, mãozinhas nervosas, curiosidade se expandindo na expectativa de abrir o pacote… Tudo isso observei quando, há tempos, entreguei o presente para aquele menininho encantador. Assim que conseguiu desembaralhar o papel já rasgado, abriu um sorriso e disse:
– “Igalzinho” ao meu!
Aí me dei conta que tinha escolhido aquele helicóptero movido a corda porque já tinha visto uma criança brincar prazerosamente com um deles. Só que a criança era justamente aquele menininho encantador… Mas ele não demonstrou decepção. Pelo contrário, foi buscar o dele e ficou todo feliz brincando com os dois!
Minha filha, ainda bem pequena, quis parar no caminho para colher flores amarelas no mato, à beira da estrada de terra que percorríamos para visitar nossa amiga num sítio em Serra Negra. Seriam um presente para a querida vó Maria. Quando chegamos, ela correu e entregou o buquê à sorridente senhora que a abraçou e agradeceu com entusiasmo. Enquanto colocava as flores no jarro, ela me mostrou com um sorriso, pela janela, um clarão dourado no campo: centenas de flores amarelas idênticas…
Enquanto a criança que ganhou o helicóptero falou que já tinha um igual, a idosa dona Maria não mencionou que seu sítio estava todo ornamentado por flores da mesma espécie daquelas que ganhara.
Encantam-me tanto a transparência inocente do menininho quanto a delicadeza do adulto que soube valorizar o gesto da garotinha. Tive a impressão de que ela se sensibilizou por ser alvo daquela gentileza. Há quanto tempo não lhe ofereciam flores? Com certeza, aquelas se tornaram especiais, sem comparação com aquelas que via sempre…
Emoções – terreno escorregadio – às vezes difícil de percorrer, mas quase sempre possível de ser aplainado, ajardinado e valorizado. Nele podem crescer espinhos como a dor, ou ervas daninhas, como a amargura, a mágoa, a ira … Mas também a gratidão, a sinceridade, a alegria, a amizade e o perdão.
Cultivá-lo com sabedoria é nosso grande desafio.
A Bel tem realmente a quem
Puxar… Ela é tão meiga quanto a menininha do seu texto…
Tomara que ela cresça assim e desenvolva bem sua sensibilidade, não é? Beijo.