Cotidiano

Sopapos

Written by Zeneide

Palavra engraçada, essa!

Podemos até conhecer sua etimologia (De “sub-” mais “papo”, este significando “garganta, esôfago” e derivando de “papar”), mas não queremos levar um… Claro que, uma hora ou outra, pelos mais diferentes motivos, temos vontade de aplicar um sopapo bem dado em alguém.

Não sabia, até hoje, da existência do tambor de sopapo, instrumento musical trazido pelos escravos da região sul do Brasil, onde está ressurgindo para uso no carnaval. Nome bem próprio, pela maneira que é tocado.

A troca de sopapos ocorre mais frequentemente do que se imagina. Muitos esquentadinhos se recusam a dialogar ou mesmo a ouvir a outra parte e já vão agredindo e, como ninguém gosta de apanhar, a confusão se forma num instante. E isso ocorre em todos os lugares, independente da classe social dos envolvidos. Vergonhoso mesmo é quando acontece em reuniões dos parlamentares, entre nossos digníssimos representantes.

Mas, em vez de sair socando alguém por aí, por motivos banais ou não, tenho alguma sugestões:

– Aplicar um sopapo caprichado na preguiça, essa que nos sequestra o tempo, a vontade e quer nos impedir de realizar sonhos.

– Enfrentar com coragem o primeiro passo da caminhada que vimos adiando vergonhosamente. Planejamos bonitinho, traçamos a rota, mas nossa mania de adiar, de não priorizar, acaba bloqueando esse início. Soco bem aplicado na procrastinação!

– Expulsar aquelas coisinhas perturbadoras que vêm atrapalhar nossas boas intenções. Quais coisinhas perturbadoras? Notificações sonoras do celular, por exemplo, aquelas que convocam nossa atenção, sugerem urgências e fazem cócegas na curiosidade natural… Nada de radicalismo, mas um “chega pra lá” enérgico e convincente talvez ajude.

– Esmurrar com vontade as paredes que aprisionam nossa sensibilidade, impedindo que vejamos a dor alheia.  Vamos esbofetear essa indiferença que pretende injetar violenta dose de frieza em nossos relacionamentos !

– Mas, no momento, o que quero mesmo é dar uns bons sopapos no indesejado coronavírus, esse intruso que se tornou o inquilino incômodo que, teimosamente tenta se aboletar em nossa vida!

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.