“Sejamos simples e calmos,
como os regatos e árvores,
e Deus amar-nos-á fazendo de nós
belos como as árvores e os regatos,
e um rio aonde ir ter quando acabemos…”(Alberto Caieiro, heterônimo de Fernando Pessoa)
Haverá algo mais simples que um regato cristalino deslizando suavemente por entre árvores verdinhas na curva de uma estrada preguiçosa? Lembra muito o local abençoado para onde o Bom Pastor conduz as ovelhas cansadas e sedentas. Lugar de refrigério e de boa refeição…
Claro que nesse universo de simplicidade, nem sempre a calma reina soberana. Perturbações externas podem turvar a placidez das águas tranquilas. Chuvas fortes talvez manchem sua limpidez esporadicamente. Porém, quero crer que tudo se restaura e se reconstrói naturalmente, restabelecendo-se a paz anterior e interior também.
Se conseguirmos obter essa simplicidade e essa calma, de acordo com o poeta, seremos abençoados pelo amor de Deus, que nos fará belos como as árvores e os regatos. “Deixo-vos a minha paz”– lembram-se?
O que mais me encanta nessa associação de ideias é a sequência do raciocínio: se os regatos geralmente desaguam num rio, também nós, se nos tornarmos simples, calmos e belos como eles, iremos encontrar o rio quando acabarmos nosso tempo aqui.
Por isso tudo, não creio que tudo termina quando chega o fim da nossa vida: faremos parte de um rio.
Vejamos o que o profeta Isaías escreveu: “Ah, se tivesses dado atenção aos meus mandamentos e princípios! Então seria a tua paz como um rio calmo, e a tua justiça como as brancas e fortes ondas do mar.(Isaías 48:18)
Senhor, dá-nos a paz como um rio, aquele que corre para o oceano pleno do teu amor!