A grande escritora Lygia Fagundes Telles, 95 anos, disse numa entrevista que gostaria de encontrar um jeito novo de falar das coisas antigas.
Concordo com ela: não há muita novidade. Já dizia o sábio Salomão “Não há nada de novo debaixo do sol” São sempre coisas antigas, principalmente valores, que me vêm à mente quando quero expressar algo.
Por mais recente que seja um acontecimento, uma notícia ou uma invenção, as reações diante da sua importância serão, sem dúvida, proporcionais à vivência, à educação, ao interesse que possa despertar nas pessoas. E cada um tem uma sensibilidade (ou falta de) que lhe permite (ou não) se alegrar, se entristecer ou ficar indiferente ao fato. Se uma bomba explode no Oriente Médio provocando mortes e destruição, isso não afeta as pessoas que não têm parentes e amigos lá… no máximo, alguém pode soltar uma exclamação rápida de horror, e logo voltar ao que estava fazendo antes…
De repente, as tragédias não perturbam tanto, nem provocam grandes comoções, pois se tornaram frequentes, quase banais… Só causam dor quando são na própria pele ou na de alguém querido….
Entretanto, sentimentos reais e verdadeiros, perduram. Por isso não há como não se emocionar diante da fragilidade de um bebezinho, da ingenuidade de crianças brincando juntas, do olhar cúmplice dos enamorados, das mãos dadas de um casal de idosos.
Talvez a expressão “coisas antigas” não se refira apenas a velharias, objetos obsoletos, como gramofones ou relógios a corda… Pode se associar ao modo de encarar a vida, à valorização da ética, ao resgate do sentimento solidário, ao encantamento com a natureza, frente às novas tecnologias.
Talvez eu e muita gente tenhamos essa alma antiga, esse gosto pela boa música, diferente dos sons perturbadores da moda, um vago desejo de isolamento, um fastio por tanto consumismo, uma saudade de emoções passadas…
Bem… sei que não tenho um jeito novo de falar. Continuo acreditando nos valores que aprendi e venho aprendendo pelo caminho…
Entretanto, aceito a sábia recomendação do apóstolo Paulo aos Filipenses: “…esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fil. 3: 13-1).
Muito bom se experiências assimiladas pela vida nos estimulassem ao crescimento e à melhor compreensão de nós mesmos e do universo no qual nos inserimos.