Icei as velas da saudade
E soltei-as ao vento do tempo.
A brisa as tocou de mansinho
E pude sentir o carinho
De antigas lembranças,
Quando crianças brincavam sob e sobre árvores frutíferas
Dos quintais das casas dos avós.
Nunca estávamos sós
E a vida se agitava, se enovelava
Em cada um de nós…
Depois, o vento aumentou
Mudando também o rumo,
Acelerando tão rápido
Que nem vi passar a adolescência
– tempo difícil, muita carência-
E as velas se acalmavam à medida que se aproximavam
Da maturidade
Agora mais quietas, mais comportadas.
Foram cuidadosamente ultrapassados
Momentos difíceis e complicados
Até contornar mansamente, as ilhas da dor,
Da sofrida separação…
E eis que, num momento mágico,
Encantado, único, sem igual,
As velas estacionaram
Numa noite de Natal
Foi aí que outras velas se mesclaram
À música, à cor e ao brilho
E se fundiram com delicadeza
Forçando a saudade se separar da tristeza.
Então, com toda a minha alma
Agradeci pela calma
E pude sonhar em paz.
Natal é isso: tempo de paz!