Era uma manhã de outono, nublada, com um ventinho frio, sinal de que o inverno já estava para chegar…
Um casal estava ocupado na tarefa de separar materiais recicláveis, numa esquina da cidade grande. Trabalhavam metódica e silenciosamente, cada um concentrado na sua atividade.
Com muita prática, o homem recolhia os plásticos, enquanto a mulher ia amontoando papéis e papelões perto do carrinho.
Pela calçada vinha um morador de rua, idoso, em mangas de camisa, meio esfarrapado, com sua sacolinha, ar desalentado perdido em si mesmo. Andava devagar, distraidamente, como quem não se importa com o rumo a seguir.
A mulher o vê primeiro e chama a atenção do companheiro, apontando para o caminhante. Então, o rapaz vai até o carrinho, pega uma jaqueta que estava pendurada numa das beiradas e a entrega ao mendigo. Este para, surpreso, pega o agasalho e veste-o na mesma hora…
O semáforo abriu e meu ônibus seguiu em frente. Ainda deu tempo para ver os três, agora com ar mais animado.
Foi o tempo de também me animar e refletir sobre tantas coisas…
– Como é importante ver a necessidade alheia!
– Como faz bem repartir o pouco que se tem!
– Como a gentileza pode mudar o dia e o destino de uma pessoa!
– Como presenciar atos de bondade aquece o coração da gente!
– Como é bom saber que ninguém é tão pobre que não possa ter algo para dividir!
Lembrei-me de uma vez quando levei umas sacolas de roupas para uma senhora necessitada. Ela abriu um largo sorriso, agradeceu e disse que o que não servisse para ela e os filhos, iria doar para uma familia vizinha, que era muito “pobrinha”…
Pois é! Pobre não faz só “pobrice”, como falam zoando, faz caridade também!
Senhor, somos tão abençoados e tão pouco agradecidos! Dá-nos mais sensibilidade, torna-nos mais generosos e compassivos para compartilhar tuas bênçãos que estão sempre se renovando sobre nós e às vezes nem percebemos…