“Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.” (Rom. 1:14).
Uma tarde, numa espessa tempestade de neve, meu carro encalhou num sulco no gelo, em um monte. Procurei dar bastante tração para movê-lo adiante, um pouco que fosse, mas foi debalde. Deslizei para os lados e comecei a patinhar para dentro de uma linha de carros que vinham. Motoristas impacientes atrás de mim puseram-se a buzinar. O que eu poderia fazer? Embaraçado e transpirando de nervosismo, tentei novamente, em vão ir para diante. Nada!
Justamente aí dois robustos jovens se adiantaram para me empurrar. Com seu auxílio, galguei pouco a pouco o morro, e consegui impulso suficiente para continuar avante. Voltei-me para agradecer meus benfeitores, porém eles já estavam ajudando um carro encalhado atrás de mim. Cheio de gratidão por sua bondade, tomei comigo mesmo o compromisso de pagar, na primeira oportunidade meu débito, ajudando alguém em apuro.
Não tive de esperar muito. Uma ou duas noites depois, cheguei a um motorista procurando freneticamente tirar o carro da profunda neve que havia junto ao meio fio. Um ancião o tentava empurrar, mas o esforço parecia baldado.
– Precisas de auxílio? – gritei.
– Por favor – rogou. – Estou apenas a uns 30 centímetros de terra enxuta.
E esforçou-se, enquanto o ancião empurrava numa roda, e eu na outra. Depois de três monumentais arrancadas, estava livre. Enquanto se ia afastando, gritou: “Muito obrigado. Muitíssimo obrigado!” Mas eu não precisava receber agradecimentos. Estava simplesmente pagando uma dívida que contraíra ao receber idêntico favor dias antes.
(Caminhos e Veredas 01/05/21)
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Ah, se fôssemos mais atentos e observadores! Quantas vezes recebemos ajuda de quem menos esperávamos! Na verdade, vivemos na dependência de muita gente; basta olhar a mesa na hora da refeição. Difícil calcular o número de pessoas que contribuíram para o alimento chegar até nós…
Se pensarmos um pouco, mesmo pagando bem, somos todos devedores uns dos outros. O que me encantou na história acima foi esse sentimento de gratidão formando uma corrente do bem. Qualquer coisa que possamos fazer em benefício dos outros é pouco diante do muito que recebemos do Pai.
Lemos nas Escrituras: “De graça recebestes, de graça dai” e também “a ninguém devais nada senão o amor”