Era do tamanho exato para cobrir o estrago atrás do púlpito. Comprou-a e voltou para a igreja.
Começou a nevar. Apressou seus passos e quando chegava à porta da igreja, uma velha senhora vinha correndo em direção contrária tentando pegar o ônibus, mas não conseguiu.
O pastor convidou-a a entrar para abrigar-se do frio e esperar o próximo que viria 45 minutos depois.
Ela sentou-se num banco e nem prestava atenção no pastor que já providenciava a instalação da toalha de mesa na parede. Ao terminar, afastou-se e pôde admirar o quanto a toalha era linda e servia perfeitamente para esconder o estrago.
Então, a velha senhora, muito pálida, perguntou:
— Pastor, onde o senhor encontrou essa toalha de mesa?
Ele lhe contou a história. A mulher pediu-lhe que examinasse o canto direito inferior para encontrar as iniciais EBG bordadas.
O pastor fez o que a mulher pediu e, intrigado, confirmou.
A mulher disse:
— Essas são as minhas iniciais.
Ela havia feito essa toalha de mesa há 35 anos, na Áustria. Contou que, antes da guerra, ela e seu marido estavam “bem-de-vida”. Quando os nazistas invadiram seu país, combinaram fugir: ela iria antes e seu marido a seguiria uma semana depois. Ela foi capturada, trancada numa prisão e nunca mais viu seu marido e sua casa.
O pastor ofereceu a toalha, mas, ela recusou, dizendo que estava num lugar muito apropriado. Insistindo, ofereceu-se para levá-la até sua casa; era o mínimo que poderia fazer. Ela morava em Staten Island e tinha passado o dia no Brooklin para um serviço de faxina.
No dia de Natal a igreja estava quase cheia para o lindo culto.
Ao final, o pastor e sua esposa cumprimentaram os fiéis um a um à porta e muitos diziam que retornariam. Notaram um velho homem, que o pastor reconheceu pela vizinhança, ainda sentado, atônito.
O pastor aproximou-se e o velho perguntou:
— Onde o senhor conseguiu a toalha de mesa da parede? Ela é idêntica à uma que minha mulher fez, muitos anos atrás, quando vivíamos na Áustria, antes da guerra. Como poderiam existir duas toalhas tão parecidas?
Imediatamente, o pastor entendeu o que tinha acontecido e disse:
— Venha… Eu vou levá-lo a um lugar que o senhor vai gostar muito.
No caminho o velho contou a mesma história da mulher. Ele, antes de poder fugir, também havia sido preso e nunca mais pôde ver sua mulher, por 35 anos. Ao chegar à mesma casa onde deixara a mulher, três dias antes, ajudou o velho a subir os lances de escadas e bateu à porta.
Creio que não há necessidade de se contar o resto da história. Quem disse que Deus não trabalha de maneira misteriosa?
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