De repente, uma frase num texto sobre gratidão me impactou: “ Não considere triviais as bênçãos simples e comuns da vida diária“.
Na verdade, a rotina que criamos para o nosso dia-a-dia nos faz realizar tudo automaticamente, às vezes com tédio e desencanto. Parece que nosso “comportamento nos impele a fazer o que detestamos, para comprar o que não precisamos, com dinheiro que não temos, a fim de impressionar pessoas de quem não gostamos”. Desse jeito …
A impressão é a de estarmos tão ajustados à engrenagem que qualquer alteração se torna impensável. Nesse contexto de automatismo, perdemos a capacidade de observar, de nos sensibilizar e até de pensar com clareza … Tudo vai se mostrando tão trivial, tão rotineiro que nem nos alegramos com a brisa refrescante – que vem amenizar o calor que atormenta… Não ouvimos mais o canto dos pássaros na praça onde crianças brincam ruidosamente, não temos olhos para contemplar os lírios, quanto mais os campos cheios deles…Precisamos ser lembrados de que o Senhor que os veste lindamente e alimenta as aves que não semeiam nem colhem, cuida também das suas criaturas com amor … Coisas banais demais para merecer nossa atenção!
A vida necessita de pausas, sim, para que possamos levantar a cabeça e olhar a nossa volta, respirar, ouvir, meditar, exercitar os sentidos para perceber o quanto somos abençoados. Se conseguirmos parar, veremos que Deus não nós dá apenas o pão nosso de cada dia, mas nos abençoa muito mais. Seus cuidados nunca são triviais, ele nos livra de perigos que nem percebemos, pois sua graça é abundante sobre nossas vidas. Não dimensionamos a abrangência do amor que nos envolve como um manto de proteção e de benignidade.
Precisamos, com urgência, acordar para o sentimento de gratidão, tão negligenciado, quase sempre. No coração grato sobrará pouco espaço para reclamações, certamente.