Meditação à Beira de um Poema
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
joias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro
Setembro em curso… mais uma primavera se aproxima, trazendo à memória o pensamento de Cecília Meireles, tão verdadeiro e real para mim: “Aprendi com as primaveras a deixar–me cortar e a voltar sempre inteira.”
Então, casualmente encontro esse lindo poema de Adélia Prado, que resolvo compartilhar, tanto pela beleza e simplicidade quanto pela lição que o ato de podar nos proporciona.
Muitas vezes pensamos que a poda só deforma, estraga a exuberância de uma planta e temos pena de cortar ramos secos e inúteis, que só atrasam e atrapalham o desenvolvimento. Nem pensamos que é preciso remover tudo que impede ou prejudica o crescimento. Só assim, a planta se concentra para enviar a seiva que irá fortalecer os galhos para que milagrosamente apareçam mais flores e frutos.
Senhor, obrigada por nos ensinar por meio da natureza. Pedimos que, como jardineiro por excelência, venhas podar nossas imperfeições no tempo oportuno, para que também possamos produzir lindos frutos para o louvor da glória de Deus!
* A ilustração foi retirada do site @AdeliaPradoDivinopolis Escritor(a)