Cotidiano

Fim da jornada

Written by Zeneide

Costuma-se comparar a vida a uma viagem, com suas etapas e conexões, envolvendo companhias e bagagens de todos os tipos. Pode ser uma viagem de barco ou de trem, curta ou longa, com mais ou menos facilidades ou dificuldades. Ultimamente resolvi adotar uma outra comparação, que vou tentar explicar, por meio de dois textos: O primeiro é uma piada, dessas meio sem graça:

O jovem leva sua namorada para um passeio nas montanhas. Chegando à parte mais alta do local, ele diz:
— Olha como é bonito lá embaixo.
E a mulher responde:
— Se é tão bonito lá embaixo, por que você me trouxe até aqui?   

Outro texto é da escritora Lia Luft : “acho que a vida é um processo… É como subir uma montanha. Mesmo que no fim não se esteja tão forte fisicamente, a paisagem visualizada é melhor, pois viver deveria ser – até o último pensamento e derradeiro olhar – transformar-se. “Lya Luft.

Na última conversa com minha saudosa e querida irmã Zenildes, pouco tempo antes da sua partida, ela apontou o dedo para cima e disse que ia subir até um prédio muito alto. E quando lhe perguntei o que estava sentindo, ela respondeu “Paz“.  Apesar do coração profundamente dolorido, saí do quarto do hospital confortada com essa resposta.

Por mais que nosso lado racional tenha consciência da morte, parece sempre que ainda não é a hora e que esse dia está longe… Cada vez mais me convenço de que a melhor maneira de terminar a viagem ou a subida é chegar em paz.

Por isso, compartilho aqui a bênção sacerdotal, conhecida como bênção araônica:

“O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te conceda graça; o Senhor volte para ti o seu rosto e te dê paz. (Números ¨: 24-26)

Que assim seja para todos nós!

 

 

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.