Toda costureira, tricoteira ou pescador já se viu com um punhado de fios emaranhados, tentando desembaraçá-los para aproveitar a linha ou lã e dar continuidade ao seu trabalho.
É uma complicação bem grande repassar os fios pelos vãos, na tentativa de desfazer a rede que se forma num instante. Muitas vezes conseguimos embaralhar ainda mais o que já estava bagunçado.
Se fazer nós exige técnica – e há dezenas de tipos – imagine desatá-los! É preciso paciência.
Lembro-me da minha mãe dizendo: “Calma, deixe que eu desmancho isso!” Paciente e jeitosamente, ia desenrolando até tudo voltar ao normal. Especialidade das mães: suavizar conflitos, reativar a paz, ordenar o caos…
Nascemos para nos conectar a pessoas, a lugares e a situações. Nesses relacionamentos, criamos laços de amizade, de afeto e até de cumplicidade. Mas, circunstâncias desfavoráveis, desencontros, egoísmo podem ir formando nós que conseguem minar essas relações. E não é fácil lidar com isso, pois os pontos que produzem mal-estar ou angústia nem sempre são localizados. Devem ser tratados com delicadeza para serem desembaraçados, porém, em certos casos, constituem verdadeiros desafios e é preciso extirpá-los, para que se abram espaços para novas conexões, novos laços.
Reproduzo o diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe, quando ela lhe dá uma aula sobre relacionamento:
Que quer dizer “cativar”?
– É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
– Criar laços?
– Exatamente, disse a raposa.
Escreveu o poeta Mário Quintana: “Então o amor e a amizade são isso… Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam. Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.”
Na Bíblia, encontramos a advertência de Paulo a Timóteo, seu filho na fé, para não cair nos laços do diabo. Mas também há a declaração linda do Senhor, pela voz do profeta Oseias: “Com laços de amor e de carinho os trouxe perto de mim, eu os segurei nos braços como quem pega uma criança no colo…” (Oseias 11:4)
Laços de amor… Existe algo melhor?