Vi, há tempos, numa Drogaria, uma enorme caixa para doação de agasalhos, com a inscrição: “Seu armário não é museu”, seguida de um texto para convencer pessoas a se desfazer do que não usam mais em favor daqueles que precisam.
Não sei se essa frase é novidade para vocês mas, para mim, foi. Fez-me pensar novamente na mania de acumular que muita gente tem. Claro que guardar coisas tem seu lado prático; é burrice jogar fora algo que provavelmente terá utilidade num futuro próximo. “Quem guarda tem” – costuma-se dizer.
Mas, pra que guardar tantos parafusos, dos mais variados tamanhos, se cada vez que são necessários, nenhum é aproveitado? E montes de caixas vazias, que enchem espaços e servem de ninho para baratas? A lista vai longe…
Voltando aos armários… Uma amiga dos velhos tempos, muito espirituosa, dizia que, de madrugada costumava ouvir um barulho estranho na parede do seu quarto: Ploft! Ploft! Ploft! Quando acendia a luz para ver o que era, constatava que eram suas roupas do armário caindo de moda!!! A moda passa rapidamente e quando percebemos tudo mudou: o que era in ficou out num instante. Que fazer? Nada como usar o bom senso e se vestir do modo como a gente se sente bem, sem ligar muito para os apelos do consumismo.
Mas, quando se passam meses ou até anos e aquela roupa permanece lá no cabide, intocada, já é caso de “museu”. Aquele casaco ou aquelas calças de inverno desprezadas num canto junto com gorros e cachecóis de lã, seriam uma bênção para quem passa as noites geladas ao relento. Iniciativas recentes de doação de roupas e alimentos a moradores de rua estão se espalhando e trazendo benefício a muitos.
Aqui mesmo em S. Caetano, no bairro São José, há algum tempo existe algo parecido: entre uma tinturaria e uma sapataria, foram afixadas placas de madeira com ganchos para roupas e sapatos, com o cartaz: “Se precisar, leve. Se estiver sobrando, doe!”
Diz o Evangelho: “Cada vez que fizerdes algo a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes”(Mt 25,40).
Então, que tal dar uma boa olhada em nosso armário para ver se ele não está se tornando um museu?
