Já é tarde!

Já é tarde! – frase bem comum nestes tempos de correrias, compromissos e tantos afazeres. Parece que o relógio dispara, as horas fogem e tudo se acelera num ritmo incontrolável.

–  Preciso ir à escola, ao trabalho, ao aeroporto, ao médico, à reunião… e já é tarde!

– Sei que a festa mal começou, mas tenho de ir; já está ficando tarde e moro longe.

– Menino, desligue isso e vá dormir! Já é tarde e você tem aula de manhã!

No caminho para Emaús, os dois discípulos, entristecidos pela morte do Mestre, não perceberam que o homem que se juntou a eles na caminhada era o próprio Jesus. A partir desse encontro, tudo mudou: aquelas palavras cheias de sabedoria foram aquecendo suas almas  e devolvendo-lhes a esperança. E quando chegaram a Emaús, os discípulos, encantados pela companhia do Mestre, convidaram-no a pernoitar com eles, dizendo:

– Já se faz tarde, o sol já declina. Fica conosco!

Jesus aceitou o convite e, na hora da ceia, eles o reconheceram pelo gesto de partir o pão. Surpresos, se questionaram:  ” Como não percebemos que era ele? Por acaso não nos ardia o coração quando ele falava?

Mas , “já é tarde” pode significar impossibilidade de ação.

– Estava muito doente e, quando procurou o médico, já era tarde…

Li, na obra autobiográfica do médico e escritor Pedro Nava, sobre a origem da expressão “Já era”. Nos atendimentos a emergências, nos acidentes de trânsito, às vezes não havia mais nada a fazer. Então, diziam: “Quando chegamos ele já era cadáver.” Daí o “Já era”, empregado para  situações irreversíveis.

Retornando à cena de Emaús, realmente já era tarde para continuar a viagem, mas o momento foi oportuno para o reencontro e para a retomada do relacionamento com Jesus Cristo. Se ou quando estivermos desanimados ou frustrados em nossa caminhada, vamos nos lembrar do convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”.

Ele nos acolherá  e, com certeza, não responderá que já é tarde.