Por: Zeneide Ribeiro de Santana
Aprendi boas lições com os sogros da minha irmã Zenildes, que ficaram algum tempo na casa dela, para tratamento de saúde. Na verdade, a dona Antonia permaneceu no hospital por mais de dois meses, para fazer um enxerto ósseo numa das pernas, prejudicada pela artrose.
Fazíamos um revezamento, na família, para levar o senhor Leônidas diariamente ao hospital, para visitá-la. Impressionante testemunhar o carinho, a cumplicidade daquele casal já idoso. Pareciam não ter nenhuma preocupação com a parte material da vida; ela, paciente em todos os sentidos; ele, encorajador e afetuoso. Pessoas simples, de muita fé. Um dia ele me disse que sabia que estavam dando trabalho para nós, mas sabia também que aquela era uma oportunidade para sermos úteis, servindo o próximo; por isso não se constrangia tanto. Quanta sabedoria!
Numa dessas visitas, a Zeni foi conosco. Encontramos a dona Antonia coçando a cabeça, meio incomodada. Perguntei se lavavam a cabeça dela regularmente. Disse que sim, mas era um banho “de gato”. ( Ela não podia se levantar, pois suportava um peso pendurado pelo tornozelo, a tração). Perguntei se queria que lavássemos seus cabelos e os olhinhos dela até brilharam. Fomos à sala de enfermagem e conseguimos uma bacia grande e uma jarra. Lavamos cuidadosamente aquela cabecinha grisalha, com bastante água e secamos com a toalha mesmo. Ela ficou feliz como uma criança que recebe o presente desejado. Agradeceu mil vezes, dizendo que éramos anjos que Deus mandara lá naquela tarde. Não se cansava de repetir que se sentia bem, limpa, leve e perfumada. Por muito tempo ainda comentou o caso com seus familiares, mesmo depois que teve alta e voltou para a sua casa, no interior.
Os dois já partiram. Gravei esses fatos na memória, pois me fizeram pensar que a felicidade pode estar nas pequenas coisas. Muito “mais bem-aventurado é dar do que receber” . Mesmo. Podemos, sim, contribuir para melhorar, pelo menos um pouquinho, a vida do próximo, às vezes tão árida e complicada.
Que nos tornemos mais atentos, disponíveis para seguir o exemplo de Jesus, que não veio para ser servido, mas para servir.
Você, o Sérgio e o Alexandre (meu genro), se revezavam durante a semana p/ levar o sr. Leônidas todos os dias ao hospital e no sábado e domingo , o Manassés ia visitá-los.
Também aprendi muito c/ eles e até hoje agradeço a Deus pela ajuda de vcs. Sei que Deus vai recompensá-los por esse gesto tão solidário.
Escrevi o texto movida pela memória do que aprendi com eles: a chance que Deus nos dá de sermos úteis e como uma coisa tão pequena pode nos fazer felizes ( cabelos lavados). Graças a Deus pela vida deles e, por extensão, de toda a família.