Cotidiano

Deus te abençoe!

Written by Zeneide

Um moço seguia todos os dias pelo mesmo caminho. Em suas viagens diárias do subúrbio, onde morava, à cidade, onde trabalhava, o trem  passava por um viaduto de onde se podia ver o interior de alguns apartamentos no prédio localizado em nível inferior.
Naquele lugar o trem diminuía a velocidade e por isso o rapaz podia observar através da janela de um dos apartamentos, uma senhora idosa deitada sobre a cama. Ele via aquela cena há mais de um mês.
A senhora certamente convalescia de alguma enfermidade, era o que ele pensava. O jovem teve pena dela e desejou vê-la restabelecida. Num domingo, achando-se casualmente naquelas imediações, cedeu a um impulso sentimental e foi até o prédio onde a senhora morava. Perguntou ao porteiro o nome da anciã e depois lhe enviou um cartão com votos de restabelecimento, assinando apenas: “um rapaz que passa diariamente de trem.”
 Dali a uma semana mais ou menos, a caminho de casa no trem, o jovem olhou, como sempre, para a janela. No quarto não havia ninguém e a cama estava cuidadosamente arrumada. No parapeito da janela, porém, estava afixado um pequeno cartaz escrito à mão e iluminado por uma lâmpada de cabeceira. Mostrava apenas uma frase singela de gratidão, dizendo: “Deus o abençoe”.
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Há tempos, desenvolvi o hábito de agradecer ou me despedir com a frase Deus te abençoe! por acreditar que seja a forma correta de expressar meu sentimento nessas circunstâncias.

Há ocasiões em que nenhum presente, por valioso que seja, consegue exprimir todo o bem que desejamos a quem nos favoreceu. E a bênção do Senhor representa o que de melhor pode acontecer na vida de qualquer pessoa.

Por isso, a reação da velha senhora, no meu modo de ver, foi a expressão sincera de um coração grato, tocado por um desconhecido que se sensibilizou com sua condição de idosa, enferma. Consigo imaginar a surpresa e a gratidão que preencheram os espaços vazios da sua alma solitária! Então, como retribuir tamanha gentileza?

Neste início de ano, minha oração é para que desviemos os olhos do celular e enxerguemos a carência, a dor e a solidão que caminham ao nosso lado.

E que Deus nos abençoe!

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.