Você lembra, lembra
Daquele tempo
Eu tinha estrelas nos olhos
Um jeito de herói
Era mais forte e veloz
Que qualquer mocinho de cowboy
Você lembra, lembra
Que eu costumava andar
Bem mais de mil léguas pra poder buscar
Flores-de-maio azuis
E os seus cabelos enfeitar
Água da fonte cansei de beber
Pra não envelhecer
Como quisesse roubar da manhã
Um lindo pôr-de-sol
Hoje não colho mais as flores-de-maio
Nem sou mais veloz como os heróis
É talvez eu seja
Simplesmente como um sapato velho
Mas ainda sirvo se você quiser
Basta você me calçar
Que eu aqueço o frio dos seus pés
Compositores: Claudio Jose Moore Nucci / Paulo Filho / De Carvalho Mauricio Magalhaes.
Ouvindo essa música dos anos 80, prestei atenção ao seu conteúdo e, de repente, me vi traçando um paralelo entre o que diz a letra e meu momento atual. Sim, já houve tempos de alegria e juventude, houve a busca romântica por sonhos e devaneios, houve caminhos floridos e fontes murmurantes, houve também viagens e caminhadas contemplativas para abastecer a espiritualidade… Tudo isso alimentado pelo vigor físico que parecia eterno…
E, quando menos a gente espera, se surpreende quando não consegue mais pegar nos braços o netinho que estende os bracinhos e pede colo, de um jeito tão carinhoso… Cadê a força que estava aqui? O tempo levou … As estrelas nos olhos sumiram? Não há mais flores de maio para colher?
Diante da constatação de que não somos mais ágeis e velozes e de que os tempos de herói ficaram para trás, só nos resta aceitar as limitações e tentar manter em alta nosso estoque de bom senso, de afetividade e de sabedoria para a convivência com os nossos queridos.
Sim, como sapatos velhos, ainda podemos oferecer algum conforto e ajudar a aquecer os dias cinzentos e gelados que teimam em se repetir nos invernos da vida…
“Ele fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças.” ( Isaías 40:29) Confiemos nessa bela promessa!