Cotidiano

Invisível

Written by Zeneide

 

 

 

Interessante a invisibilidade de personagens fantásticos de certos filmes. Claro que eles tiram o maior proveito dessa condição que  possibilita ver e ouvir sem ser visto. Mas, na vida real, será possível não ser notado?

Creio que sim, de acordo com o relato “El dia que me volvi invisible“, de Silvia Castillejon Peral, que li não faz muito tempo. Uma senhora idosa conta como, gradativamente, foi perdendo sua visibilidade na própria família, quando, pelas circunstâncias, teve de morar com um filho. Triste, melancólico, o jeito conformado pelo qual narra o modo como foram se esquecendo dela e ela foi perdendo sua identidade, sua referência como membro da família. Chega a pensar que perdeu também a voz, pois ninguém percebe quando ela fala, justamente ela que tanto havia se dedicado a filhos e netos. Quando diz que, um dia, quando morrer, sentirão sua falta, o neto responde, rindo: “E você está viva?” E todos riem também! Então, se convence de que se tornou invisível, de fato.

Quantas pessoas nessa situação deve haver por aí… Será que alguém está se sentido invisível em nossa própria família?

“A invisibilidade social é uma poderosa venda que usamos para não enxergarmos as misérias humanas escancaradas nas sarjetas da sociedade capitalista.” – escreveu Maria Aparecida Giacomini Dóro.

Porém, Deus nos vê! Sabemos disso pela sua própria Palavra: “O Senhor olha desde os céus e está vendo todos os filhos dos homens; da sua morada contempla todos os moradores da Terra.” (Salmo 33:13); “Quem é semelhante ao Senhor nosso Deus, que tem seu assento nas alturas e que se inclina para ver o que está nos céus e na Terra?” (Salmo 113: 5-6)

Essa crença tranquiliza-nos e dá-nos segurança, pois esse olhar, do Deus que se inclina, faz toda a diferença em nossa vida: não estamos sós, muito menos esquecidos, seja qual for o momento que estamos enfrentando.

Então, por que não fazer um esforço, um exercício para visualizar melhor nossos familiares, vizinhos ou quem encontramos na rotina diária? Mais ainda: por que não presenteá-los com um cumprimento e um sorriso acolhedor, mesmo que seja meio encoberto pela máscara?

About the author

Zeneide

Meu nome é Zeneide Ribeiro de Santana, professora de Língua Portuguesa e Literatura. Já sou aposentada e aproveito meu tempo lendo bastante e tricotando um pouco.