Árvore Solitária

 

Por Zeneide Ribeiro de Santana

Conheço várias mulheres que nunca se casaram. Entre elas, algumas amigas queridas, bonitas, instruídas e muito generosas.

Motivos?  Os mais diversos: uma, por decepção com o noivo; outra, por ter sido seletiva demais; uma outra por pura opção (não suportaria ter alguém mandando nela, como aconteceu com sua mãe)

Há tempos, ouvi  um relato que me fez pensar:

“Estava num ônibus, numa excursão com pessoas da terceira idade. Havia casais, mas também viúvas e solteiras, todos animados, conversando, até  cantando.  Aquelas mulheres falavam dos filhos, dos netos, dos afazeres domésticos, do marido que roncava, da vida, enfim. Como não tinha nada a declarar, fiquei quieta. De repente, foi baixando uma tristeza em mim, uma sensação ruim, de tempo perdido, de vida passando sem muito sentido. Para não chorar diante de desconhecidos, olhei pela janela e comecei a apreciar a paisagem, aquela imensidão de verde, nas mais diversas tonalidades, especialmente as árvores, que sempre gostei de desenhar. Percebi que, geralmente, cresciam agrupadas, mas, de quando em quando, aparecia uma isolada na imensidão do pasto.  Interessante – refleti – mesmo  a árvore solitária tem sua beleza, dá flores e frutos, abriga os ninhos dos pássaros e oferece sombra ao gado na tarde escaldante. Então fui saindo daquela ameaça de depressão momentânea, entendendo que ainda poderia ser útil, dar bons frutos.  Pelos seus frutos os conhecerei – diz a Palavra de Deus.”

Sim, minha amiga, o Senhor a conhece, desvenda os propósitos do seu coração, sabe da sua generosidade, de como tem sido bênção na vida de tanta gente, inclusive na minha. Por isso, você sempre será generosamente abençoada, tenho certeza.